As doenças ocupacionais são aquelas relacionadas às atividades profissionais, causadas ao longo do desempenho do trabalhador ou por conta do ambiente insalubre e das condições às quais ele é submetido.
Em um ambiente industrial, as mais comuns são aquelas provenientes das atividades repetitivas, como a tendinite, bem como as otites (inflamações nos ouvidos) e os problemas respiratórios. No entanto, existem muitas outras.
Nas marcenarias, a saúde ocupacional também merece destaque, uma vez que o trabalho pode oferecer certos riscos à saúde do colaborador.
Segurança e Medicina do Trabalho
É fundamental que os gestores de oficinas foquem na prevenção das doenças ocupacionais por meio de ações em prol do trabalhador.
O primeiro passo é seguir as normas de segurança propostas pelos órgãos regulamentadores. As NRs mais comuns e úteis para as marcenarias são:
NR 12: segurança na utilização de máquinas e equipamentos
NR 15: atividades e operações insalubres
NR 24: condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho
NR 35: trabalhos em certas alturas
No entanto, segundo os especialistas da Safemed, para desenvolver as melhores medidas contra as doenças ocupacionais, é preciso, primeiramente, identificar onde estão os principais gargalos contra a saúde nas marcenarias.
Saúde respiratória
De acordo com a Safemed, os marceneiros estão entre os profissionais mais expostos às partículas derivadas do processo produtivo. No caso, a madeira.
“Sobretudo, devido às máquinas que utilizam, geralmente, em ambientes fechados e com ventilação inadequada”. Ainda conforme a especialista em saúde ocupacional, o impacto na saúde dependerá sempre do tipo de madeira e produtos químicos utilizados pela marcenaria em questão.
“As máquinas totalmente automatizadas trabalham geralmente a uma velocidade superior, pelo que geram e dispersam mais poeira, ainda que existam menos trabalhadores expostos nas proximidades.”
No caso das atividades de lixamento e modelagem, por exemplo, elas merecem ainda mais atenção, em virtude das partículas liberadas serem ainda mais finas e constantes.
A ventilação é o ponto chave. Ela deve ser muito bem projetada, de modo que não haja concentração excessiva de partículas de madeira. Os ambientes da marcenaria jamais devem ser fechados.
A limpeza, por sua vez, deve ser periódica e minuciosa. Caso contrário, os colaboradores podem sofrer com as doenças ocupacionais, tais como alergias e doenças pulmonares.
Riscos para doenças respiratórias nas marcenarias
Microrganismos da madeira
Conhecidos como agentes biológicos, os microrganismos apresentados pela madeira, como os fungos, podem gerar uma nuvem tóxica quando a matéria-prima é processada, principalmente quando lixada.
Eles podem entrar no sistema respiratório e causar doenças ocupacionais, prejudicando a carreira do trabalhador e a produtividade da marcenaria.
Produtos químicos
Além da madeira, outros produtos podem prejudicar a saúde do marceneiro como, por exemplo, os agentes químicos. Os mais utilizados são tintas, vernizes, colas e lacas que possuem substâncias nocivas à saúde, caso o usuário não esteja protegido.
Muitas vezes a marcenaria utiliza arsênio, crômio, cobre, fenol, entre outros, para dar mais resistência à madeira, o que pode facilitar as doenças ocupacionais, neste caso, com problemas cognitivos, neurológicos e emocionais, como a redução da capacidade de memorização, alteração do olfato, dores de cabeça, vertigens, redução dos reflexos, palpitações, ansiedade etc.
É preciso, porém, que a marcenaria invista em respiradores especiais e demais EPIs para a preservação da saúde do trabalhador.
Saúde muscular e óssea
Alguns marceneiros podem sofrer de dores nos membros superiores, como braços, bem como na coluna, pescoço e cabeça.
Elas podem acontecer devido ao peso excessivo carregado pelo profissional, cuja carga trabalhada, muitas vezes, é grande.
“A repetição do movimento em algumas tarefas como, por exemplo, no aparafusamento de dobradiças também é levada em consideração”, detalha a Safemed.
É preciso equipar a marcenaria com içadores e máquinas para a movimentação de materiais, por exemplo.
Tem também a segurança contra os acidentes com os próprios objetos e ferramentas usadas na empresa.
Os profissionais estão suscetíveis a derrubar peças pesadas nos pés ou dedos, por exemplo, gerando fraturas ósseas. É fundamental investir em luvas e botas especiais.
Audição e saúde auricular
As máquinas utilizadas nas marcenarias, além de serem capazes de provocar acidentes cortantes, podem prejudicar a saúde dos ouvidos, dado o ruído excessivo.
“Nos últimos anos, alguns artigos alertaram sobre a possibilidade do ruído também se associar a várias alterações cardiovasculares, como hipertensão, taquicardia e isquemia do miocárdio”, frisa a Safemed sobre outras doenças ocupacionais geradas nas marcenarias.
O alerta aqui é para que os gestores providenciem os protetores auriculares ideais para a intensidade do ruído provocado nas operações.
Outras causas de doenças ocupacionais nas marcenarias e as melhores medidas
Além das principais supracitadas, outras tantas doenças ocupacionais podem aparecer durante a produção dos móveis, caso o profissional não esteja devidamente protegido. A prevenção dos respectivos problemas é uma obrigação do empreendedor.
Confira mais destaques!
Temperatura
O desconforto térmico – para mais ou para menos – também pode trazer sérios problemas à saúde do trabalhador e ainda diminuir a produtividade.
Iluminação
A iluminação é um fator essencial para a segurança do marceneiro em todos os processos e etapas de trabalho. Além disso, reduz a sensação de fadiga e “vista cansada”.
Modernização dos equipamentos
Quanto mais a marcenaria investir em inovação, menor será o risco de doenças ocupacionais e acidentes.
Isso porque as máquinas mais modernas são equipadas com ferramentas e acessórios cada vez mais adequados aos processos produtivos e à segurança do pessoal.
A segurança e a saúde ocupacional devem ser consideradas como prioridade em qualquer marcenaria. Não se trata de um investimento a mais, mas sim de uma obrigação do gestor, que deve zelar pelo quadro de funcionários.
Fonte: ForMóbile